Com a pandemia do novo Coronavírus, o primeiro trimestre do ano foi marcado pela adoção de medidas de distanciamento em todo o mundo, incluindo o Brasil, com reflexos diretos na economia nacional.
Com o fechamento do comércio, o setor de serviços, responsável por 65% do PIB brasileiro, recuou 1,6% no primeiro trimestre. Sem conseguir vender seus produtos, a indústria encolheu 1,4% somente
com a queda da venda de automóveis e vestuários.
Essa é uma crise diferente das que vivemos anteriormente, como em 2001 com racionamento de energia e em 2014 com a crise econômica que resultou no aumento do desemprego.
Se antes da pandemia já havia quem olhasse cético para a recuperação da economia do país, que em 2019 avançou 1,1%, agora já não há dúvidas de que o Brasil vai sofrer mais em 2020 e, possivelmente, também em 2021.
Primeiramente, o resultado dessa queda é a ponta do iceberg para a pior recessão econômica que o Brasil já viveu nos últimos 120 anos, segundo o IBGE. A pandemia do novo Coronavírus levará a atividade econômica no país a encolher 8% em 2020, conforme o Instituto.
Nas projeções do Banco Mundial, o "choque rápido e maciço"; da pandemia e as medidas de bloqueio total para contê-la levarão a economia global a encolher 5,2% neste ano.
Igualmente, a expectativa de queda para a renda per capita é de 3,6%, o que levará milhões de pessoas à situação de pobreza extrema neste ano, prevê o Banco Mundial.
No diagnóstico dos economistas da Instituição, o golpe afeta mais os países em que a pandemia se fez mais grave e onde há forte dependência do comércio global, do turismo, da exportação de produtos primários e do financiamento externo.
Segundo Flávio, professor de Engenharia da Universidade Kennedy, a queda do PIB diante da pandemia do novo Coronavírus teve um peso relevante, boa parte em razão da parada da economia em função do isolamento e incerteza tanto para empresas e pessoas físicas.
“Quanto ao segundo semestre ainda é cedo para pensar em uma recuperação, porque o cenário de incerteza ainda continua. Já estamos em meados de junho e percebe que foi um trimestre fraco em investimentos, produção, consumo. O segundo semestre deve continuar ruim”.
Vários economistas e autoridades econômicas tanto no âmbito global quanto nacional estão projetando uma recuperação da economia apenas para 2021, em boa parte em função da própria recessão.
Existem dois fatores que devem contribuir para uma retomada da economia. Primeiro a demanda reprimida, partindo da ideia de que encontraremos uma solução para a diminuição da pandemia do novo Coronavírus, seja com uma vacina ou com um remédio reconhecido, diminuindo a quarentena.
Outro fator que deve contribuir para a retomada da economia é a política anticíclica. Ações que os gestores da economia tomam para inverter o ciclo da economia. Logo, se a economia foi colocada em ciclo recessivo devido à pandemia, teremos ações para retomar a economia em um ciclo de crescimento, finaliza Flávio.
A partir daí teremos dois eixos: consumo e produção. Políticas de incentivo a investimento privado e público, tanto para a realização de obras quanto para o consumo. Afinal, essas políticas são interessantes para a construção civil, que, no Brasil tem um papel de destaque na geração de empregos.
Um setor que receberá incentivo tanto para habitação, quanto para construção de infraestrutura de saneamento, energia, transporte etc.
Desde já, pensando nessa retomada da engenharia para 2021, os donos de construtoras devem investir em ferramentas que otimizem gastos e o uso do tempo, como fluxo de caixa, gestão de compras e de obras e relatórios que diminuam atrasos em suas construções.
Organizar o fluxo de caixa é essencial para a gestão de crise nesse momento crítico de paralisação econômica. À primeira vista, sua prioridade é socorrer os clientes que estão buscando apoio no controle financeiro, mas você também precisa dar atenção às finanças da própria empresa.
Afinal, a crise provocada pelo novo Coronavírus está gerando impactos brutais na economia e boa parte das empresas não têm caixa suficiente para se sustentar com a queda repentina do faturamento — e as despesas vão se acumulando.
Em relação ao impacto financeiro, um levantamento da XP
Investimentos, publicado em março de 2020 na Money Times, mostra que 40% das empresas brasileiras têm caixa para aguentar, no máximo, 30 dias de isolamento e paralisação.
A pesquisa também mostra que 19% suportariam a suspensão das atividades por até 15 dias, enquanto 21% estão na faixa entre 16 e 30 dias. As outras 21% podem segurar o caixa entre 31 e 60 dias.
A princípio, as micro e pequenas empresas são as mais vulneráveis nesse cenário: 41% só têm caixa para 30 dias e 77% preveem impactos grandes ou muito grandes gerados pelas consequências da
pandemia.
Por isso, é importante dimensionar os efeitos da situação advinda da pandemia do novo Coronavírus sobre o caixa da sua empresa e traçar estratégias para garantir a sobrevivência do negócio durante a crise — que, infelizmente, não sabemos por quanto tempo se estenderá.
Outra dica para superar a crise e retomar a economia em 2021 é um bom planejamento financeiro que consiste em um conjunto de projeções de receitas e despesas que a organização terá dentro de um determinado período.
Em suma, ele serve para analisar o cenário em que o negócio atua e também para projetar metas com as informações obtidas.
Desse modo, um dos principais motivos pelos quais é importante realizar um planejamento financeiro é que ele permite ao empreendedor enxergar todas as movimentações financeiras que o
negócio terá dentro de um período com clareza, tanto em termos de receita quanto de despesas.
Em síntese, a hora agora é de aproveitar o segundo semestre de 2020 e, por meio de uma gestão financeira bem eficiente, realizar um bom planejamento para 2021 em um novo contexto de mercado.
Não se pode pensar que, porque uma empresa funcionou até aqui com determinada estratégia, determinados produtos, foco de mercado etc., necessariamente ela vai continuar do mesmo jeito num novo cenário.